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Luiz José Guimarães Falcão (1969/1970)

(Depoimento concedido por ocasião dos 40 anos da entidade, em 2005)

“Os primeiros anos foram de muita incerteza e de desconfianças. A mentalidade da época era no sentido de que uma associação de juízes era algo semelhante a um mero sindicato, incompatível com a dignidade da magistratura. É coisa de comunistas, diziam. No período imediatamente anterior no meu mandato de presidente da AMATRA IV, decidimos incentivar os nossos colegas de outros Estados a fundarem as suas associações. Eu e o colega Ari Gomes Ferreira fizemos um périplo que incluiu uma primeira reunião com a Amatra II. A seguir fomos para Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Encerramos a viagem com uma grande assembleia de juízes gaúchos, paulistas, cariocas e mineiros, no edifício onde funcionavam as juntas da capital paulista. Sonhávamos com uma entidade nacional que melhor nos representasse.

Algumas semanas depois, foi editado o Ato Institucional nº 5 e o sonho ficou bem para depois.

A partir de 1969, a preocupação de todos da AMATRA IV foi pelo respeito aos predicados da magistratura. Abriu-se uma época de incompreensões, mas de resistência corajosa de muitos. Foi o momento dos protestos registrados nas atas de audiências das reclamatórias contra o tratamento dispensado pelo governo federal à Magistratura brasileira. Nos congressos e seminários jurídicos tentávamos defender o direito e a liberdade, ainda que veladamente. Mais tarde, a AMATRA IV teve coragem, força e união para deflagrar a primeira greve de juízes do Trabalho do Brasil.

A AMATRA IV tem uma bela história para contar em favor do Estado de direito e do respeito pelos predicados da Magistratura”.