Um juiz diante de todos os olhares
O juiz é um homem público, mas normalmente a sociedade não tem contato com ele. Nem mesmo o enxerga. Na Justiça do Trabalho, isto é diferente. O rito processual previsto na CLT coloca o juiz do trabalho, diariamente, diante de todos os olhares. Noutras esferas do Poder Judiciário também são feitas muitas audiências, mas seguramente nada se compara à Justiça do Trabalho, quando a solenidade decorre de um comando legal.
São audiências e mais audiências, quando é possível o contato direto da população com o magistrado. Conhecer o juiz da sua causa é muito importante para a sociedade e este momento proporcionado pela audiência quando as partes podem finalmente ver que o magistrado é de carne e osso como elas tem um valor inestimável.
Por outro lado, o juiz do trabalho está permanentemente em xeque, pois está sempre sendo observado, mesmo fora de seu ambiente de trabalho. São tantas audiências que ele não tem como lembrar a fisionomia das partes. No entanto, a parte não esquece jamais o rosto do juiz de sua causa. Eu já fui abordado de forma respeitosa, nos mais diversos lugares, por uma ou outra pessoa que já foi parte num processo de minha responsabilidade. Esta é uma situação sempre bem difícil, pois não temos como lembrar se esta pessoa que veio amistosamente conversar conosco teve ou não êxito na sua causa. Isto serve a demonstrar o nível de exposição a que se submete o juiz do trabalho diariamente, embora demonstre o respeito que a população tem pela figura do juiz, pois nestes encontros casuais jamais tive minha decisão questionada.
Esta integração entre o juiz do trabalho e as partes que nasce numa simples audiência não tem preço. Acho que é isto que a sociedade espera, ou seja, poder enxergar e falar com o juiz, o que é proporcionado todos os dias na Justiça do Trabalho. No mesmo sentido, para o juiz do trabalho seguramente o mais importante não é uma decisão proferida, mas, quando as partes, após uma conciliação, se dirigem a ele demonstrando sua total satisfação e se despedem com um aperto de mão, o que é algo raro de ser ver numa audiência, nos dias de hoje. Neste momento, sim, fica o sentimento de dever cumprido.
Rosiul de Freitas Azambuja
Juiz do Trabalho titular da 3ª. Vara do Trabalho de São Leopoldo
O Sul – 22/01/2012