Notícias

Ainda temos tempo

Leia a seguir o artigo de autoria de Carolina Hostyn Gralha Beck, juíza do Trabalho, diretora financeira da AMATRA IV, coordenadora do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania na 4ª Região, conselheira da Escola Judicial e membro da Comissão de Direitos Humanos da Anamatra. O texto foi  publicado em 17/2 na coluna do TRT4 no jornal O Sul.

O ano de 2012 foi de grandes novidades e desafios à magistratura trabalhista gaúcha. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região ampliou o número de desembargadores, realizou concurso público com a aprovação de novos juízes, inaugurou sedes, instalou varas novas, enfrentou a instauração do processo judicial eletrônico em diversas unidades, e, principalmente, manteve em elevado índice o número de julgamentos de seus processos.

E como se não bastasse estarem absorvidos em tantas ações e inovações, os juízes do trabalho também dedicaram tempo e atenção ao Programa Trabalho, Justiça e Cidadania.

O programa, instituído pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA) e desenvolvido pelas associações regionais, tem como finalidade a conscientização de crianças e adolescentes sobre direitos e deveres dos cidadãos e, ainda, a aproximação do Poder Judiciário à sociedade. O programa ganhou o país e, sendo aplicado em 20 estados, já atingiu mais de oito mil professores e oitenta mil crianças e adolescentes.

No Rio Grande do Sul, o programa foi desenvolvido sob outras perspectivas e, de forma pioneira, além das escolas públicas e particulares, passou a ser aplicado também nas unidades da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (FASE).

No segundo semestre do ano de 2012, 18 juízes do trabalho participaram das atividades aplicadas a 99 servidores e 140 jovens infratores das unidades Padre Cacique, Carlos Santos e da Escola Senador Alberto Pasqualini.

Os juízes do trabalho conheceram a dura realidade vivida por jovens que cometeram atos infracionais e que, por isso, estão cumprindo medidas sócio-educativas. Da mesma forma, uma não menos complicada realidade vivida por servidores que passam muitas horas, dias e anos de suas vidas naquele local, com o rande compromisso de manutenção da ordem e busca de uma tão esperada ressocialização.

Quando parte da sociedade ignora ou prefere a simplificação pela segregação, os juízes do trabalho perceberam a importância de acreditar nesses jovens e investir na sua formação. Ainda, enquanto a sociedade espera das associações de juízes uma pauta corporativa e ações voltadas a interesses próprios da magistratura, demonstramos nosso comprometimento social, apostando nos jovens do nosso país e nos profissionais que acompanham a sua formação.

E, para ver que realmente valeu a pena, no final do ano, os jovens nos surpreenderam com músicas, poemas e grafites, representando, de forma artística, aquilo que compreenderam das nossas conversas.

Por fim, para consagrar esta atividade, em janeiro deste ano um grupo de meninos visitou as instalações da Justiça do Trabalho. Os jovens conheceram a distribuição, o protocolo, as varas do trabalho, a escola judicial, assistiram uma audiência e visitaram a sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. E o mais importante de tudo foi resumido em uma frase de um dos jovens que participou da atividade: “foi o primeiro lugar que eu entrei que ninguém me olhou de forma diferente”.

Eles ganharam. Nós ganhamos. Todos ganharam.

E, assim, seguimos em frente. A sociedade é melhor do que pensa que é. Ainda temos tempo.

Foto: Sérgio Souza

Compartilhamento